COMO FORAM OS DESFILES DO GRUPO OURO

GRUPO OURO - SEXTA-FEIRA, 03


BAMBAS DA ORGIA

Foto: Alex Rocha/PMPA

Primeira escola da Série Ouro, a Bambas da Orgia iniciou o seu desfile à 1h15 de sábado, 4. Após meia hora na passarela, uma chuva fina começou a cair sobre o Porto Seco, logo virando uma precipitação mais intensa - mesmo assim, os componentes da escola não desanimaram e seguiram com o samba no pé.

A Bambas apresentou uma homenagem aos 100 anos da escola carioca Portela, com o enredo Ilu Ayê! Escola de Bamba é Portela. A celebração era, acima de tudo, um momento de memória, o resgate da herança que busca reafirmar o compromisso com a ancestralidade, negritude e as origens das mais relevantes manifestações da cultura popular brasileira.

Fundada em 6 de maio de 1940, e ostentando as cores  azul e branco e tendo como símbolo a águia, a escola passou na avenida com 17 alas e três alegorias. A primeira, chamada "a raiz da jaqueira rende frutos para este celeiro de Bambas", representou a origem das manifestações étnicas e culturais negras do final do século XIX e início do século XX, presente em terreiros de Candomblé que viriam a receber os futuros baluartes da Portela.

A segunda alegoria, denominada Elo Porto Alegre - Madureira: nosso chão, nosso lugar, reverencia quem fez e faz o desfile acontecer, enquanto a terceira alegoria celebrou a Madrinha Portela, com os grandes e históricos momentos e personalidades.


FIDALGOS E ARISTOCRATAS


Foto: Pedro Piegas / PMPA

Fundada em 7 de setembro de 1950, a Fidalgos e Aristocratas foi a segunda escola da Série Ouro a desfilar, já na madrugada de sábado, 4. O enredo levou para a avenida a força guerreira de Xica da Silva, citada no enredo como exemplo de vida, de luta, realizações e conquistas, a dignidade, força e grandeza da raça negra. 

Mesclando narrativa ficcional e escrita acadêmica, o desfile atravessou os campos da história da arte, cultura pop, Carnaval e macumba - um grande 'ebó' de Xica dedicado às mulheres negras e aos dias de folia.

O enredo Laroyê, Xica da Silva! Xica é Modjubá - Um legado africano, a resistência de uma raça é de autoria de Michael Smith, e foi apresentado na avenida com 19 alas e três carros alegóricos. O carro abre alas, Minha Ancestralidade Xica, representou o grito guerreiro através de gerações e o orgulho da negritude de Xica para despertar a ancestralidade.

O segundo carro simbolizou o Arraial do Tijuco, hoje o atual município de Diamantina, em Minas Gerais, uma vila típica com ruas de pedras, casarões com senzalas, igrejas barrocas, lamparinas e um charme preservado que atrai turistas de todos os lugares. A terceira alegoria mostrou a grande festa no terreiro do palácio de Oxalá.



ACADÊMICOS DE GRAVATAÍ


Foto: Alex Rocha/PMPA


A onça negra que simboliza a escola Acadêmicos de Gravataí entrou na passarela Carlos Alberto Barcelos, o Roxo, às 3h30 de sábado para apresentar o tema Brilha nos olhos da Onça Negra, Gravataí: a cidade do futuro!

Foi uma homenagem aos 260 anos de Gravataí, em um enredo que misturou realidade e fantasia vislumbrando o futuro da cidade da Região Metropolitana de Porto Alegre. 

O tema de Rafael Saraiva, desenvolvido pelo Departamento de Carnaval da escola, fundada em 26 de fevereiro de 1961, revisitou o chão que um dia foi povoado por índios Guaranis, e hoje conta com mais de 275 mil habitantes.

Passaram pela avenida 17 alas e três carros alegóricos, buscando contar a história da antiga Aldeia dos Anjos de 1763, que hoje, é uma cidade em constante evolução, onde a qualidade de vida da população reflete a grandeza que destaca Gravataí entre as mais importantes cidades do Rio Grande do Sul.


IMPERATRIZ DONA LEOPOLDINA

Foto: Pedro Piegas / PMPA

Sozinhos somos fortes. Juntos Somos Imbatíveis! A cooperação nos fará campeões! O sistema cooperativo foi tema da Imperatriz Dona Leopoldina, que iniciou o seu desfile às 4h30 de sábado, 4.

Com as cores laranja, preto e branco, mais a coroa imperial com louros da vitória como símbolo, a Imperatriz levou para a passarela um time de carnavalescos: Reinaldo Óliver, Douglas Pacini, Ricardo Carneiro e Egilson Ferreira. Eles dividiram a responsabilidade de desenvolver um enredo sobre o conceito de cooperar e unir para um mesmo fim, ou seja, o cooperativismo.

O desfile teve 17 alas e três alegorias, representando a integração dos povos indígena e negro, que se unem em torno da coroa imperial, símbolo da Imperatriz. O carro abre alas retratou índios e negros, grupos que originaram a identidade do povo brasileiro.

A segunda alegoria mostrou a evolução industrial, com a cor prata simbolizando os metais utilizados no maquinário e as grandes chaminés, símbolos das fábricas. O terceiro carro fez uma homenagem ao sistema cooperativo, que ajuda a reduzir a desigualdade econômica e social.


UNIDOS DE VILA ISABEL

Foto: Alex Rocha/PMPA


A última escola a desfilar na primeira noite de Carnaval no Complexo Cultural do Porto Seco, Unidos da Vila Isabel iniciou o desfile às 5h55, com o dia já amanhecendo. Após 30 minutos, a chuva tomou conta da avenida e persistiu até o fim da apresentação.

O enredo trouxe uma série de perguntas para discutir “O que realmente importa em nossas vidas?” A escola de Viamão propôs uma abordagem em torno do que acreditamos ter valor, refletindo sobre relações humanas e a integração entre as pessoas, tendo como eixo o ouro. Foram apresentados alguns aspectos históricos que contribuíram para a qualidade de vida que existe hoje na sociedade moderna.

A Vila Isabel desfilou com 17 alas. A apresentação teve três setores e quatro alegorias. A primeira Alegoria representou o poder em dinastias Anúbis Deus da Morte, sobre a divindade do Egito Antigo. Na segunda atração foi discutido o valor do pensamento, passado e presente na intenção de um futuro melhor. Já a terceira alegoria representou a fé com Oxalá e todos os Orixás.  Na última, foi apresentado o palco da vida, com a gratidão aos baluartes e a celebração da vida.


GRUPO OURO - SÁBADO, 04


IMPÉRIO DO SOL

Foto: Pedro Piegas / PMPA

Na segunda noite de desfiles no Complexo Cultural do Porto Seco, a primeira escola da Série Ouro a desfilar foi Império do Sol, que iniciou sua apresentação às 0h55, exatamente no momento que a chuva deu uma pausa. Fundada em 20 de fevereiro de 1988, e com as cores verde, vermelho e amarelo e trazendo como símbolo o sol nascente e a coroa real, a escola apresentou o desenvolvimento do tema Resido na morada do amor, faço este samba com emoção para falar do direito à habitação. 

Dispor de acesso à educação, de cultura e, é claro, de um lar, de uma casa, de um domicílio, uma habitação, de uma morada ou residência para chamar de sua. Estas premissas definem a dignidade do ser, de poder nascer, viver, crescer, se desenvolver, prosperar e envelhecer com grandeza e honradez . Para representar esses conceitos, a Império do Sol apresentou as características habitacionais do Brasil num desfile com 15 alas quatro alegorias e quatro tripés.

A alegoria do abre alas, denominada A Paixão faz Morada, lembra que a escola  é também a nossa segunda casa. Tensões Urbanas, O Canteiro de Obras e A realização de um Sonhos são as demais alegorias que representam o sonho da moradia própria.


IMPERADORES DO SAMBA

                                                                                    Foto: Alex Rocha/PMPA


A atual campeã da Série Ouro do Carnaval de Porto Alegre iniciou seu desfile, às 2h10,  já na madrugada de domingo. Logo teve a companhia da maior coadjuvante deste carnaval: a chuva. Fortes pancadas se integraram as homenagens ao Theatro São Pedro, tema da escola.

 Além da localização o Theatro abriga diversos fantasmas. O primeiro a receber os visitantes é o Maestro Joaquim José Mendanha, que conta sobre a construção do prédio. Depois, pelas galerias e corredores, outros tantos fantasmas cumprimentam os visitantes. Alguns mais amistosos que outros. Como uma das figuras mais importantes, Dona Eva Sopher se tornou um símbolo de cuidado e de carinho não apenas com o Theatro, mas com todos os artistas que por aqui passaram. E, para o futuro, o Theatro ganhará um complexo Multipalco, para que muitas outras estrelas brilhem.

Fundada em 19 de janeiro de 1959, a vermelho e branco este anos passou pela avenida com 14 alas e três alegorias. A primeira apresenta a arquitetura neoclássica, com as imponentes colunas sendo erguidas pela negritude que construiu o teatro.

A reconstrução e o renascimento do Theatro São Pedro está no segundo carro. Ratos e cupins se espalham por toda a parte enquanto a obra movimenta o centro da alegoria. A terceira alegoria representa marionetes e o Multipalco representado por um túnel multicolorido, mostrando que a arte e a cultura vão além, sobre o tempo.


UNIÃO DA VILA DO IAPI

Foto: Pedro Piegas / PMPA


A  escola do bairro IAPI, fundada em 21 de março de 1980, entrou às 3h25 na pista Carlos Alberto Barcelos, o Roxo, inspirada na esperança e no progresso de uma nação. A nação coreana. Azul, vermelho e branco são as cores da bandeira do futuro que para eles já é o presente, construído com educação de qualidade, modernidade e inovação.

O enredo Na Locomotiva da memória, a Vila canta Jubileu de Diamante, integração Brasil/Coreia do Sul!, apresentado pelo carnavalesco Sérgio Guerra, mostrou um desfile dividido em quatro setores, apresentando quatro alegorias e um tripé.

O primeiro carro, tecnologia, mostra um poderoso tigre cibernético. No carro Sabedoria e Costumes, teve como destaque central o Rei Sejong, em escultura, cercado por dois haetaes. Já a terceira alegoria mostrou o Legado da Integração, com um mapa náutico, o verde amarelo da nação brasileira que abraça o azul e vermelho da Coreia do Sul.


RESTINGA

Foto: Pedro Piegas / PMPA


A penúltima escola a entrar na avenida foi a Estado Maior da Restinga. Fundada em 20 de março de 1977, é a representante de um dos bairros mais populosos da Capital no desfile da Série Ouro do Carnaval. Iniciando a apresentação às 4h30 de domingo, os Tinguerreiros, como são chamados os integrantes da escola, buscam o campeonato deste ano com o enredo Bendita és Tu, Anastácia, Negra dos Olhos Azuis, negra escrava nascida no Brasil e que se tornou símbolo da luta contra o preconceito racial.

Para cantar e exaltar a negritude, através da vida deste símbolo de força e resistência, e contra toda forma de preconceito e discriminação, o desfile foi dividido em quatro setores: África Bantu: O Brilhão Dourado e as Visões do Ifá, Vidas Cativas, Olhos Livres, Negra, Escrava, Deusa: O Poder do Axé e Bendita és Tu, Anastácia! Bendita Seja Toda Mulher Negra!.

Integraram o desfile concebido pelo carnavalesco Luciano Maia 21 alas e quatro alegorias. A primeira Ora Yeyeô - Histórias, Africanidade, Destino traz a representação da África Bantu, região de onde os antepassados de Anastácia viviam antes da escravização. A segunda alegoria, de cores fortes e contrastantes, traz o cenário da escravização ocorrida no Brasil durante o período colonial. 

O terceiro carro  - A Mandinga para Benzer e Cura r-  fala da elevada energia espiritual de Anastácia e sua forte ligação com os orixás da cura e seus dons. A quarta alegoria representa um santuário no qual Anastácia é aclamada deusa soberana pela comunidade da Restinga e abençoada sob as bênçãos dos orixás.


REALEZA

Foto: Pedro Piegas / PMPA

A última escola a desfilar no Complexo Cultural do Porto Seco foi A Realeza, iniciando a sua apresentação às 5h40 de domingo, 5, com a barra do dia surgindo no horizonte para saudar os carnavalescos. Com o tema "A Divina Realeza do Basfond é Uma Dama de Barba Malfeita", a escola trouxe uma homenagem a Luiz Airton Farias Bastos, a icônica Nega Lu.

Ao evocar a figura emblemática de Nega Lu, a escola evoca também palavras como empoderamento, orgulho e representatividade. O desfile da Realeza lança luz ao significado dessas palavras, fortalecendo a luta contra a homofobia, o protesto contra a intolerância religiosa e a busca pelo respeito e valorização para a classe artística.

O primeiro setor do desfile, O despertar da Divina Realeza, retrata o despertar da Entidade Nega Lu. Já o segundo setor, mostra a forte ligação da  personagem central com o Carnaval, o surgimento de Nega Lu, quando assume-se gay em uma época em que a repressão imperava e sua paixão pela cultura francesa.

A bateria, coração da escola, é o setor que retrata a constituição religiosa de Nega Lu, que era Babalorixá. O terceiro setor traz o artista em sua plenitude, as aptidões artísticas de Nega Lu, que apresentou expressivas performances como cantor, bailarino e cozinheiro.

O quarto setor, “Desmunhecando, mas pisando forte” apresenta as manifestações socioculturais as quais Nega Lu participou e contribuiu com seu espírito transgressor, tornando-se uma grande referência para as gerações que a sucederam. Passaram 15 alas e três alegorias. No final a Realeza arrastou o público na avenida até a dispersão.


Texto: Cristiano Vieira 

Edição: Lissandra Mendonça 

Divulgação PMPA

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